As Lições do Terrorismo em Brasília
O que ontem ensinou o Brasil e o mundo sobre a democracia
O DS não pode deixar de comentar nos eventos de ontem, um dia tão triste na história Brasileira. Os acontecimentos de ontem, apoiadores de ex-Presidente Jair Bolsonaro invadindo os prédios dos três poderes e cometendo atos de terrorismo, são nada menos que uma tentativa contra a vida da democracia brasileira. Os paralelos com o ataque ao Capitólio nos Estado Unidos pelos apoiadores de Donald Trump em 2021 são óbvios. Os dois eventos são resultado das decisões dos eleitorados naqueles países de colocar candidatos de extrema direita no poder. São várias lições que devemos aprender com os eventos de ontem. 1) O apoio aos candidatos antidemocráticos por causa de afinidade na área social ou econômica, é irresponsável. 2) Os apoiadores radicais de Bolsonaro ou os que pedem intervenção militar não são patriotas. 3) Políticos que cortejam apoio via polarização e radicalização não tem controle sobre os resultados perigosos dos seus métodos. Quanto mais rápido o Brasil e o mundo aprender essas lições melhor.
1) Os apoiadores radicais que ontem viraram terroristas com certeza não são representativos dos milhões que deram seu voto a Bolsonaro. A mesma coisa pode ser dita nos Estados Unidos. O refrão comum de várias votantes desses homens é não apoio a tudo que fazem, mas simplesmente não suporto as políticas do outro lado. “Não concordo com Bolsonaro em tudo, mas não concordo com Lula em nada”, foi uma frase comum nas redes sociais na eleição passada. Essas pessoas votando no Bolsonaro ou Trump mesmo sem gostar estão geralmente preocupadas com políticas econômicas ou sociais. Porém como os eventos de ontem tem demonstrado, é impossível separar tais políticas do autoritarismo que esses políticos defendem. Nenhuma política vale mais que a democracia. Esses políticos constituem um perigo à democracia e não tem garantia alguma de que as instituições democráticas vão sobreviver a seus ataques. É irresponsável, então, dar apoio a esse tipo de político por razão qualquer.
2) De novo numa cópia transparente dos apoiadores de Trump, os apoiadores de Bolsonaro se defendem como os únicos patriotas verdadeiros, os únicos que tem amor pelo Brasil mesmo. Isto é simplesmente uma mentira. Com vários vestidos com a bandeira nacional esses terroristas entraram nas sedes sagradas da democracia brasileira para fazer baderna e intimidar por meio da violência. No processo eles causaram danos enormes, tanto físicos quanto simbólicos, às instituições do próprio país. Eles não têm amor pelo Brasil, mas por si mesmos e suas posições ideológicas. Eles preferem destruir a democracia e tudo pelo qual o Brasil tem lutado nas últimas décadas e viver sob ditadura do que aceitar que perderam uma eleição. As várias teorias conspiratórias usadas como justificativa são tão patéticas que só acredita quem quer. Não tem nada patriótico ou nobre sobre uma pessoa que fuge de realidade desconfortável em mundos de fantasias perigosas.
3) A jornalista do BBC, Katy Watson, fez uma observação perspicaz, comentando que os eventos de ontem são maiores que o Bolsonaro. Corretamente ela apontou que várias dessas pessoas só alinharam com o Bolsonaro à medida que ele avançava suas posições de extrema direita. O que eles realmente querem é ditadura militar e eles continuam vivendo na época da Guerra Fria e ver comunismo em tudo da esquerda. Diferente do ataque ao Capitólio nos Estados Unidos, a insurreição de ontem não começou com comício do Bolsonaro nem seu apoio. Ele não está nem no país mais. Desde que ele perdeu a eleição ele tem feito pouco mais do que retirar-se para um exílio de autopiedade. Mas a culpa ainda resta com ele, pois ele, seus filhos, e seus apoiadores têm passado os últimos anos atacando a democracia, lavorando ditaduras, e espalhando desinformação porque eles queriam se beneficiar politicamente. Porém, ontem ficou obvio, que políticos que recorrem a essas táticas não têm controle sobre o resultado final de sua imprudência. Quando um líder nacional passa anos criando desconfiança nas instituições e constituição do seu próprio país, radicalizando e polarizando a população por seu próprio bem, terão consequências bem sérias por anos e décadas no futuro. Democracia liberal não é algo que pode desprezar quando te limita, mas pegar depois quando quer de volta. Fidelidade completa às instituições da democracia é essencial.
Ontem foi um dia bem triste para o Brasil, mas será só o começo se não aprenderem as lições essenciais deste momento!