Ruim ou Pior?
Enquanto não tenha resultado bom que possa sair nesse domingo, uma das opções é bem pior que a outra . . .
Infelizmente, o segundo turno das eleições presidências é uma escolha entre ruim e pior. Não tem candidato que representa um futuro melhor para o país. Esse fato tem levado alguns a concluir que a escolha que fizer não importa muito. Mas isso não é o caso. Enquanto não tenha resultado bom que possa sair nesse domingo, uma das opções é bem pior que a outra. O Brasil e o mundo não podem sofrer mais quatro anos de Jair Bolsonaro na presidência. Luiz Inácio Lula da Silva então é a escolha que o eleitor deveria fazer. Basta olhar em duas áreas de alta importância para entender essa situação, a democracia e a luta contra a mudança climática.
Porém, é valido considerar primeiro duas áreas que provavelmente são mais importantes para a maioria dos brasileiros nessa eleição, a combate a corrupção e a economia. Essas não são prioridades ruins, ainda mais num país como o Brasil. Todavia, os resultados do primeiro turno revelam que no Brasil, como nos Estados Unidos e vários outros países que estão passando por momentos de polarização, as pessoas só enxergam erros no outro lado. Os governos do Lula e do Bolsonaro, com escândalos de mensalão, Lava Jato, interferência na Polícia Federal, e orçamento secreto, são exemplos perfeitos da corrupção que tanto aflige o Brasil. A ideia de que um dos dois tem moral nessa questão ou pode ser considerado anticorrupção é uma piada sem graça. Em relação à economia, faz tempo que o Brasil está precisando de reformas liberais para simplificar e abrir a economia. Apesar do que o Bolsonaro fala, nem ele nem o Lula tem a coragem nem a perspicácia econômica para levar tais reformas para a frente. Os tempos bons econômicos do primeiro governo Lula vieram graças do boom das commodities que se deu junto com crescimento econômico nos países da asia como a China e a Índia. Tem nada nos seus planos nem no seu poder que vai trazer esses dias de volta. O Bolsonaro, quem se diz antisocialista, tem interferido na economia e se opôs reformas liberais toda vez que ameaçava sua popularidade. Como nos casos de controlar o preço do petróleo e aumentar os gastos sociais. Privatizações prometidas pelo governo raramente são levados para frente e geralmente nas áreas que fazem pouca diferença. Os dois candidatos já pretendem estourar a conta pública e furar o teto de gastos sem qualquer plano para garantir responsabilidade fiscal e assegurar investidores. Em soma, nenhum caso em favor do Bolsonaro ou do Lula pode ser feito nessas áreas.
Então onde há diferenças que importam? Para responder essa pergunta vamos olhar para os temas de democracia e proteção do meio ambiente. Sem dúvida, o Bolsonaro é a maior ameaça ao sistema democrático do Brasil. Infelizmente, é verdade que o Lula tem mantido amizade e defendido vários ditadores da esquerda na América Latina. Porém, durante seu tempo no poder ele nunca chegou a ameaçar a sistema democrática como o Bolsonaro. Bolsonaro também elogia ditadores e políticos autoritários e tem dado vários sinais de apoio ao Putin depois a invasão da Ucrânia. Pior ainda, Bolsonaro frequentemente elogia a ditadura que houve no próprio país. Sempre defendo a ditadura militar e propagando mentiras e mitos sobre a história brasileira, Bolsonaro tem mostrado um desejo a voltar à ditadura com ele na liderança. Seus filhos e seguidores frequentemente pedem para o fechamento do congresso, STF, e reinstituição do AI-5 (Ato Institucional 5). O presidente tem aparecido em várias manifestações a favor desses fins e até organizou seus seguidores contra o Supremo Tribunal Federal (STF) no 7 de setembro de 2021 numa tentativa de recriar a insurreição falida do Donald Trump do mesmo ano. O presidente tem passado os últimos meses tentando minar confiança no sistema eleitoral e criar dúvidas nos resultados para caso ele perder poder dizer que foi roubado, de novo estratégia do Trump. Ele fez tudo isso mesmo com várias fontes nacionais e internacionais atestando da confiabilidade do sistema eleitoral no Brasil. Que o Bolsonaro é hostil a democracia e busca centralizar poder nas suas mãos é obvio.
Apesar das suas tendencias radicais, o Lula governou dentro do sistema e moderou suas posições para conseguir governar. Com o Geraldo Alckmin como o seu vice, parece provável que ele pretende fazer a mesma coisa dessa vez. De fato, Lula só foi eleito a primeira vez depois que prometeu continuar as políticas econômicas do governo Cardoso. Nas várias eleições que perdeu, o Lula nunca alegou de ter sido vítima de alguma conspiração fantástica ou contestou o voto. Tem bem mais chance de eleições livres em 2026 com Lula no poder.
Na questão de proteger o meio-ambiente, o Lula não é simplesmente melhor, mas a única escolha aceitável. Isto é um assunto de importância mundial. Se o mundo for sobrevier a mudança climática já avançada, a Amazonia vai ter um papel central. Algo que vai ser impossível se o Bolsonaro continuar no poder e continuar deixando níveis históricos de desmatamento. Desde que chegou à presidência, o Bolsonaro deixou bem claro que ele está do lado do agronegócio e a favor do desmatamento. Sua posição já afundou um acordo econômico entre o Mercosul e a União Europeia que teria fortalecido a economia brasileira por décadas. Ao decorrer da sua presidência a taxa de desmatamento subiu mais que 73% seguindo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Cientistas estão de acordo que o desmatamento e mudança climática constituem uma ameaça mortal à Amazonia, o Brasil não tem mais tempo para gastar. No outro lado, a presidência do Lula viu muitos avanços nessa área e desmatamento caiu 67%. Lula já prometeu a lutar contra o desmatamento e os vários fundos e fontes de apoio internacionais que estão disponíveis ao Brasil se simplesmente segue o bom senso quer dizer que o Lula só teria incentivo positivo para cumprir as suas promessas.
O segundo turno é uma escolha entre ruim e pior, mas isso não quer dizer que não importa quem ganhará. O Lula é o único candidato aceitável, o futuro do sistema político brasileiro e do mundo em si depende da vitória dele.